Ciao Brasile! Néia Pavei, da Itália
Imigração Desde que vim para cá, cinco anos atrás, acredito que a legislação que nos dá a cidadania italiana por “direito sanguineo” vai acabar ou, no mínimo, será modificada. Atualmente estou ainda mais segura. Nas TVs e rádios já se começa a discuti-la. Muitas autoridades acreditam que o governo deva modificar a legislação para dar direito às outras populações de se tornarem italianas no papel. Critica-se, por exemplo, o direito à cidadania italiana a brasileiros, argentinos ou paraguaios que jamais viveram ou vão viver (e trabalhar, é claro) na Itália. Não é o caso dos marroquinos, para citar um deles, que estão aqui há 15, 20 anos sem ter como mudar sua cidadania. A imigração é um fenômeno que cresce sem parar na Itália. Nos últimos 35 anos o número de estrangeiros saltou de 144 mil para 3,5 milhões.
Imigração 2 Outra crítica que se faz aos brasileiros é que milhares deles utilizam a Itália como escada para “subir” para outros paises da Europa, como Espanha ou Inglaterra. Ou seja, pegam o documento e partem para outras nações onde vão trabalhar e contribuir com a previdência social através dos impostos. Ao mesmo tempo as autoridades estão convictas de que este fato não se pode controlar. O cidadão é livre para circular por outras fronteiras em busca de opurtunidades melhores de vida e de emprego. O perigo é que o governo pode, sim, modificar o texto que nos dá o direito a cidadania, limitando, por exemplo, as gerações ou fixando um ano-limite. Aí quem fez, fez. E quem ficou na fila, perdeu o trem.
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| Fogo no rabo Foi uma semana difícil para governo, moradores do Centro-Sul da Itália e, principalmente, para os bombeiros. A Itália registrou mais de 200 incêndios. Ainda não se tem o cálculo do número de hectares de mata e parques que viraram fumaça. Mas é verão, as temperaturas tocaram os 40 ºC em muitas cidades e os incêndios eram esperados (nao tantos, é verdade). Até aí nenhuma grande novidade. O problema é que a maioria dos incêndios é criminoso, por razões ainda desconhecidas: prazer em ver árvores queimarem, ameaças ou especulação imobiliária (a mais cogitada). Mas o que apavora é o método usado em cidades da Sicília, a maior Ilha do Sul, onde, sabe-se, a máfia controla tudo e todos Como em anos anteriores, foram encontradas carcaças de gatos entre as queimadas. São eles que incendeiam, de uma maneira cruel. O animal vem banhado com gasolina e lhe é ateado fogo. Desesperado de dor, corre, e no caminho, deixa um rastro de chamas. Outra maneira utilizada é colocar somente o rabo do gato embebido em gasolina. Com o fogo, corre como um louco e o desastre também é certeiro.
Quem não tem, inventa A criatividade não tem limite para certos bandidos. Na região de Milão foi descoberta uma truta interessante. Quatro belos homens, vestidos de policiais, com documentos, carros e controladores de velocidade, fizeram blitz por horas e horas em uma estrada importante sem serem importunados. Aos apressadinhos, aplicaram as multas sem perdão. Na brincadeira, enganaram mais de 200 motoristas. Se é feita uma continha por baixo - com uma multa por excesso de velocidade que beira os 80 euros (cerca R$ 216) – os criativos “policias” embolsaram nada menos que 16 mil euros, ou seja, R$ 43 mil. Ninguém foi, até agora, identificado. Me pergunto se nenhum dos 200 enganados fez uma foto com os celulares. Os italianos que são doidos pela telefonia celular quando devem usar a tecnologia dos aparelhos, não a usam.
Celular Dois E falando em telefonia móvel, a Suprema Corte Italiana decidiu que pode, sim, ser demitido por justa causa qualquer funcionário que use o celular da empresa para assuntos pessoais. E antes de recolher caixas, porta-retratos e apagar a luz, deverá liquidar as faturas penduradas.
Dedinho médio prá cima! O commediante-ator-crítico Beppe Grillo, um daqueles italianos sem pápas na língua, está organizando para o dia 8 de setembro mais uma das suas. Trata-se do “Vaffanculo-Day” ou V-Day que, traduzindo para o português, seria O “Dia de tomar-no-cú” (com o perdão de todos os leitores). Grillo quer denunciar as falcatruas no Congresso, como as mudanças das leis eleitorais e de liberdade de imprensa feitas na bocada da noite. O comediante diz sempre que, na Itália, a máfia é mais honesta que a maioria dos parlamentares. Ao menos a criminalidade organizada não prega a democracia e nem diz que trabalha para o cidadão.
Até setembro! Pego carona com os italianos e entro em férias.
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